
15 de jan. de 2025
O Futuro do UX: Entre a Superficialidade das Ferramentas e a Urgência da Estratégia
Nos últimos anos, e especialmente em 2024, o campo de UX vem passando por um ponto de inflexão delicado. A Nielsen Norman Group, referência global em usabilidade e experiência do usuário, recentemente provocou o mercado com uma análise sobre a crescente desconexão entre o verdadeiro propósito do UX e a forma como ele vem sendo praticado e valorizado nas organizações.
Vivemos um momento em que a estética das entregas e a velocidade da execução muitas vezes se sobrepõem à profundidade do pensamento. A superficialidade tomou forma na glorificação de frameworks prontos, templates de jornada do usuário e fórmulas mágicas para discovery e ideação. Publicações no LinkedIn exaltando novas ferramentas ou truques de Figma frequentemente superam em engajamento discussões densas sobre estratégia, pesquisa qualitativa ou alinhamento de produto com o negócio.
Essa tendência não é apenas um sintoma do algoritmo, é um reflexo do mercado. Muitos profissionais e empresas estão mais preocupados em parecer inovadores do que em resolver problemas complexos. Em um cenário onde a IA é capaz de gerar interfaces, fluxos e até textos de microcopy, o que diferencia o trabalho de um profissional de UX não é o domínio técnico, mas sim a capacidade de pensar criticamente, sentir empaticamente e articular estrategicamente.
A armadilha do encantamento por ferramentas
Não se trata de demonizar ferramentas. Pelo contrário, elas são aceleradores poderosos. Mas quando se tornam o centro do processo, desviamos o foco do que realmente importa: entender as reais dores dos usuários, identificar fricções invisíveis, navegar em zonas de ambiguidade e conectar experiências à entrega de valor de negócio.
O risco está na comodidade. Modelos prontos geram conforto e previsibilidade. Mas UX não é sobre repetir padrões, é sobre questionar o padrão. E esse senso crítico está desaparecendo do discurso dominante.
UX não é entrega, é decisão
Em um mundo saturado por IA, onde qualquer briefing se transforma em protótipo em minutos, o profissional de UX precisa resgatar seu papel de articulador entre as incertezas do humano e os objetivos tangíveis das empresas. O futuro do UX não está no que entregamos, está em como decidimos.
Essa virada de chave exige mais do que habilidades técnicas. Exige coragem para dizer "isso não faz sentido para o usuário", capacidade de influenciar áreas que ainda veem UX como “a parte bonita do produto” e maturidade para lidar com tensões entre experiência e viabilidade comercial.
A colaboração como alicerce
Nenhum produto é bem-sucedido isolando o UX em um silo. A colaboração com áreas como engenharia, marketing, dados e negócios precisa deixar de ser uma recomendação e se tornar prática sistemática. Entender o que é possível tecnicamente, o que é sustentável financeiramente e o que é desejável para o usuário é o tripé que sustenta um design verdadeiramente estratégico.
E mais: precisamos expandir nossa empatia além do usuário final. É preciso empatia organizacional, compreender as dores do time de vendas, as pressões do time de operações, os KPIs do board. A experiência do usuário só é impactante quando também considera a experiência interna de quem sustenta a operação.
A urgência da curadoria de conteúdo
Outro ponto crítico é a infoxicação. Estamos soterrados por conteúdos rasos, vídeos de 30 segundos e listas de “5 coisas que você precisa saber sobre UX em 2025”. O excesso de informação irrelevante nos afasta daquilo que realmente importa. UX também é sobre curadoria: de insights, de fontes, de decisões. Saber o que ignorar é tão vital quanto saber o que priorizar.
Inteligência Artificial como rascunho, não como resposta
A IA está transformando o design de forma irreversível. Mas confiar cegamente nas respostas da IA é abrir mão do julgamento crítico que deveria nos diferenciar. Saídas automatizadas devem ser tratadas como rascunhos, pontos de partida que precisam ser confrontados com o contexto, com a realidade do negócio e com a sensibilidade humana. A IA não substitui a escuta ativa. Não interpreta entrelinhas. Não sente as dores do usuário.
O que realmente sustenta o futuro do UX?
Em um mercado cada vez mais pressionado por métricas de curto prazo e entregas automatizadas, o verdadeiro valor do UX estará em sua capacidade de gerar impacto duradouro. E isso exige um reposicionamento coletivo da nossa disciplina:
Reduzir a dependência de ferramentas e aumentar a confiança na nossa capacidade analítica.
Sair da zona de conforto do “entregável bonito” e enfrentar o desconforto da ambiguidade.
Reforçar o alinhamento entre experiência e resultado de negócio, UX não é “nice to have”, é alavanca de valor.
Assumir a responsabilidade de provocar, questionar e transformar, mesmo quando isso incomoda.
O futuro do UX pertence aos profissionais que não têm medo de pensar, de colaborar e de questionar o óbvio. Aqueles que enxergam o usuário como ponto de partida, mas também como parte de um sistema maior. E que sabem que, para desenhar o novo, é preciso muito mais do que uma nova ferramenta, é preciso uma nova mentalidade.
Referência: Nielsen Norman Group - The Future of UX
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